sábado, 21 de novembro de 2009

Exposição OUTRAS MARGENS - Centro Cultural Justiça Federal - 25 de novembro - 4a feira `as 19h00



Pontos de Fuga

Embora seja mestra na utilização das tintas e pincéis sobre tela, Andrea Facchini não é pintora. Como costuma dizer, ela é artista plástica, não concentrando, portanto, todo o seu pensamento e esforço apenas na fatura pictórica. Na realidade, as pinturas de elementos e cores exuberantes, após anos de prática, desdobraram-se no desenho, meio trabalhado com desenvoltura e que resulta quase sempre em rebuscadas formas monocromáticas.
Excesso e movimento são algumas das principais qualidades atingidas no paciente processo artesanal de Facchini. Desde seu interior, as criações são movidas por situações de crise, visivelmente localizadas num epicentro conflituoso de onde os elementos das composições se lançam livres pelo espaço. Da superfície, detalhes, formas e tonalidades vibrantes escapam.
Perseguindo questões que na produção de hoje aparentemente parecem desimportantes, como o apuro técnico, a figura e o apelo retiniano da obra compreendida como bela, a artista produz a partir de um leitmotiv entendido tanto como recurso formal, elemento visual primordial e metáfora conceitual. Os cachos de cabelos, tranças, nós e dobras de tecidos que se aproximam, se entrelaçam e se repelem são símbolo da força e sensualidade em ebulição contidos em cada mulher. A subjetividade feminina como traço diferenciador é algo caro à artista, embora não levante uma discussão estratificada sobre gêneros.
Mais do que analisar a técnica e a visualidade impactante que constituem uma marca, o que se destaca nesta individual é a inquietação de Facchini em procurar novos enfoques sobre o mesmo elemento temático a partir da exploração e manipulação de suportes distintos, os quais proporcionam diferentes relações espaço-temporais da obra com seu entorno e consequentemente com o espectador-fruidor.
Daniela Labra